Ao escutar a frase citada acima, dá-se início a um processo em que o ouvido recebe e identifica a informação sonora, transmite-a através das estruturas do ouvido até chegar às vias auditivas que leva esta informação a uma determinada região cerebral, para ser decodificada e interpretada, finalizando, assim, a compreensão do que se ouviu.
Por outro lado, no momento em que alguém fala esta frase, o pensamento se ordenou de tal forma que a função executiva da fala fizesse um planejamento motor e as terminações nervosas enviassem a informação para executar este ato motor na região laríngea e orofacial. E, desta forma genérica, acontece a transmissão de informações entre os indivíduos ouvintes e falantes de uma sociedade.
Quando alguém é acometido por um evento neurológico que bloqueia ou altera uma parte do circuito citado acima, acaba interferindo na forma mais natural de comunicação. Estar privado de falar o que se pensa, seja pela dificuldade em recordar nomes ou conceitos, seja pela dificuldade articulatória, entendemos que é uma dificuldade em nível de execução ou planejamento motor. Já a dificuldade em entender o que se escuta denota uma alteração em nível de compreensão, o que pode alterar inclusive a emissão. Esta expressão geralmente sairá descontextualizada, pois não faz sentido o que escutou com o que está respondendo.
Essas são as formas mais comuns de AFASIA, um transtorno de linguagem decorrente de uma lesão neurológica. Muitas vezes, esse tipo de acometimento se dá após um AVE (AVC) ou TCE, onde a reabilitação fonoaudiológica está cada vez mais atuante devido a sua especificidade no que diz respeito à demanda de comunicação.
Dicas como: ser objetivo ao conversar com um afásico; respeitar a limitação comunicativa deste indivíduo tendo paciência e aguardando ele responder; prestar atenção ao contexto para ajudar a entender o que ele pretende expressar, são estratégias favoráveis para melhorar a comunicação.
Buscar ajuda e informação de profissional especializado para propor estratégias de reabilitação pode ser o diferencial para a qualidade de vida desta pessoa que necessita ser “cuidada”.
Letícia Mottin Soares Radaelli
Fonoaudióloga